Resiliência à Flor da Pele: O Caminho de Patrícia Duarte

Como uma busca por estabilidade se transformou em uma descoberta, superando obstáculos e abraçando um futuro criativo

Quando falamos de resiliência, determinação e coragem para trilhar novos rumos, a história de Patrícia de Oliveira Duarte, de 37 anos, é um exemplo inspirador de como a resiliência pode nos levar a destinos inesperados e gratificantes. Nem sempre precisamos seguir os padrões estabelecidos; às vezes, é necessário quebrar estereótipos para trilhar nosso próprio caminho. Patrícia, bacharel em Direito e pós-graduada em Direito Processual Civil e do Trabalho, não se acomodou nas dificuldades e encontrou na confeitaria artesanal uma nova e criativa profissão.

Patrícia começou sua trajetória profissional como técnica de enfermagem, inspirada pela avó, e exerceu essa função por seis anos. Embora apaixonada pela área, sentiu o chamado para o Direito, onde se formou em 2017. No entanto, a não aprovação no exame da OAB e a escassez de oportunidades de emprego a levaram a reconsiderar sua trajetória. Foi então que Martha Martins, sua mentora espiritual e madrinha, sugeriu que tentasse algo novo: “Por que você não faz doces? Ninguém fica sem comer um doce”.

Essa ideia, que parecia simples à primeira vista, começou a se materializar de maneira surpreendente. Quase como um sinal, após a conversa com Martha, Patrícia viu no programa da Ana Maria Braga uma receita de suspiro na televisão. Decidida a seguir esse novo caminho, mergulhou no mundo da confeitaria artesanal.

O Início no Mundo da Confeitaria

Com o apoio incondicional de sua irmã Renata de Oliveira, que financiou os primeiros insumos, Patrícia deu os primeiros passos em sua nova carreira. Com o tempo, conseguiu um contrato CLT no Fórum e passou a aproveitar os finais de semana para fazer doces, conciliando as duas atividades.

No entanto, em 2020, com a chegada da pandemia, o mundo inteiro entrou em crise. Muitos perderam empregos, e empresas fecharam suas portas. Patrícia foi uma das demitidas, mas em vez de desanimar, enxergou a adversidade como uma oportunidade de reinvenção. A confeitaria a acolheu de forma grandiosa. “Graças à pandemia, o mercado se abriu e eu comecei a ser conhecida por levar doces às pessoas que não podiam sair de casa“, conta Patrícia.

Transformando o Caos em Oportunidade

Durante a pandemia, Patrícia trabalhou incansavelmente, agradecendo todos os dias pela chance de levar doçura para os lares de tantas pessoas em um momento tão difícil. Ela se tornou conhecida e consolidou seu nome no mercado da confeitaria. “Trabalhei todos os dias, inclusive aos domingos, sozinha, mas sempre com o coração grato por estar empregada em um período em que tanta gente passava por dificuldades.”

Essa nova fase, no entanto, não foi isenta de desafios. Patrícia precisou vencer o medo e a insegurança, especialmente quando começou a aceitar pedidos maiores. “Na primeira encomenda que fui entregar, tive taquicardia no meio do caminho de tanto nervosismo”, lembra. Mas, com o tempo, foi ganhando confiança e aprendendo a lidar com a pressão.

Apoio Familiar e Quebra de Estereótipos

Patrícia também enfrentou preconceitos, ainda que de forma velada, dentro da própria família. Seu pai, Eduardo Mota, apesar de ser uma pessoa conservadora, tornou-se seu maior apoiador. “Ele começou a trocar figurinhas comigo na cozinha, me ajudando nos assados e apoiando a minha escolha de seguir na confeitaria”, relembra. O pai, que sempre foi um exemplo de inquietude e resiliência, inclusive decidiu entrar na faculdade de gastronomia após os 60 anos, um marco de superação e um exemplo de que nunca é tarde para recomeçar.

A mãe de Patrícia, Elza de Oliveira, é descrita pela filha como “um polvo”, sempre abraçando a família e ajudando todos a seguir em frente. Foi com esse suporte familiar que Patrícia conseguiu se organizar e enfrentar os obstáculos com mais serenidade.

Planejamento e Organização como Chave do Sucesso

Patrícia reconhece que sua veia organizada, herdada dos tempos de funcionária pública, foi essencial para o sucesso de sua nova empreitada. Com o incentivo de Jucy Freitas, mentora de negócios para a confeitaria, ela aprendeu a planejar com antecedência. “Jucy me ensinou a começar a organizar o Natal em setembro, a saber dizer ‘não’, a fazer controle de estoque, e isso foi um divisor de águas para mim”, afirma Patrícia.

Superando Dificuldades e Cultivando Parcerias

Outro grande aprendizado foi em relação às parcerias. Inicialmente, Patrícia teve dificuldades em encontrar pessoas comprometidas, mas aprendeu que a qualidade dos parceiros pode definir o sucesso de um negócio. “Eu já estava conhecida e, por sorte, consegui novas parcerias que me ajudaram a continuar crescendo.”

Pertencimento e Fidelidade dos Clientes

Hoje, Patrícia se emociona ao falar da relação próxima que construiu com seus clientes. Muitos voltam para fazer novos pedidos e incluem Patrícia na história de suas famílias, tornando-se, muitas vezes, amigas pessoais. “É gratificante quando um cliente volta e me diz que vai fazer novamente a festa comigo. Isso significa que fiz um bom trabalho, e essas relações afetivas são impagáveis.”

Mensagem para Futuras Empreendedoras

Para as mulheres que ainda estão indecisas ou com medo de começar, Patrícia deixa uma mensagem poderosa: “Vá em frente! Não tenha medo do que os outros vão pensar. O que importa é o que você sente e o que te faz feliz. O caminho não é fácil, mas vale muito a pena quando você encontra sua paixão.”

A história de Patrícia de Oliveira Duarte é a prova viva de que a resiliência e a coragem para mudar podem nos levar a lugares inimagináveis. E você, o que está esperando para escrever a sua própria história?

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